Diário de Bordo X - Últimos dias em Santiago


Olá pessoal,

Como viram, agora está provado: cerejas não acarretam overdose e nem cerveja, já que estamos os dois vivos até agora. Segundo a conclusão do Álvaro, nem só de vinho vive o Chile, mas de cerveja também... Não perdeu nem uma única chance de provar as inúmeras artesanais com as quais topou nesta viagem e acho que terá delírios devido à falta da tal de Kuntsmann Torobayo ou da Kuntsmann Miel... Diz o secretário de turismo da província de Rio Negro (Argentina) que enquanto os outros vão para lá para desfrutar a natureza, os brasileiros vão pensando nos cassinos... o jornal de hoje em Santiago dizia que os brasileiros vão para fazer compras...


Agora, enquanto aguardamos nosso último embarque nesta viagem, aproveito para contar nossas peripécias.

Como já havia adiantado, na sexta-feira saímos para jantar e passamos pela Plaza de Armas para dar uma olhadinha no movimento. Quando caminhávamos numa das laterais da praça, vimos que dezenas de pessoas estavam sentadas olhando para frente e resolvemos conferir o que era. Quando vimos que era um palhaço, tratamos de apressar o passo para não atrapalhar o espetáculo, mas o sujeito era tão engraçado que a fome até passou e ficamos assistindo no meio da multidão. O sujeito era cômico e aprontava com todo mundo que passava desavisado, para cada um ele inventava algo de improviso. Lá pelas tantas, depois que já estávamos morrendo de rir, resolvi filmar discretamente com a câmera. Tudo ia bem, até o dito cujo me ver... ele fez menção de vir ao meu encontro, eu fiz sinal que não iria – morta de vergonha – mas não teve jeito, ele me puxou e levou a multidão ao delírio (incrível como as pessoas se multiplicam quando é você a “bola da vez”). Fez sinal para o Álvaro pegar a câmera, fotografar e depois o fez mudar de lugar comigo... Daí em diante, só vendo o filme. O povo dava gargalhadas, achei que a mulher ao meu lado teria uma síncope! Infelizmente o Álvaro ficou tão atônito com esta minha meteórica incursão artística que esqueceu de gravar a minha parte, terão que acreditar na minha palavra...
 
Os chilenos não respeitam as regras de trânsito também! Durante nossa estadia em Santiago vimos dois veículos atravessarem o sinal vermelho e um outro que atravessou o sinal e depois ficou parado no início do cruzamento – tudo bem, estes três poderiam ser estrangeiros – mas a quarta infração é irrefutável, já que a autora é genuinamente chilena: vimos a Bárbara atravessar a rua fora da faixa e com o sinal vermelho!

Também tivemos uma pequena amostra da esperteza chilena (quase brasileira): quando desembarcamos no aeroporto de Santiago somos praticamente atacados por motoristas de táxi oferecendo seus serviços, pois aqui parece não haver regras para este tipo de situação. No dia em que chegamos, depois de muitos “No, gracias”, um deles resolveu nos acompanhar recitando os preços e depois que recusamos umas dez vezes ele nos disse que não conseguiríamos chegar no hotel sozinhos (sem nem saber onde era). Por fim, disse que faria um preço especial para nós: U$20.00 para cada... O Álvaro saiu marchando na frente e disse que era “não mesmo”. Acreditam que o dito cujo saiu também pisando duro e nos disse algo como “brasileiros miseráveis!” ? Acho que deve ser isto mesmo, pois não nos enquadramos na categoria “idiota”... ainda... Pagamos CLP$ 1800,00/cada para ir de ônibus até o centro... calculem: U$1.00 = CLP$ 488,00... U$ 40.00??

Bem, nestes derradeiros dias por Santiago aproveitamos para conhecer a parte menos explorada pelo turismo, conversar com a Bárbara e para ir a algumas exposições (a melhor que vimos foi bem pequena, de um fotógrafo chamado Antônio Quintana, com fotos P&B de Santiago e Valparaíso das décadas de 40 e 50). Conhecemos a praça Concha e Toro (uma espécie de vila do início do século 20, bem no meio da cidade) e alugamos um carro para conhecer a vinícola Concha e Toro, que fica nas imediações de Santiago. A visita guiada é interessante e nos dão umas informações sobre os vinhos, mas seria ótimo que fosse maior. Só tomamos duas taças de vinho, nem deu para sair de lá trocando as pernas:((

De fato parece um fetiche este dos brasileiros por não passarem desapercebidos em nenhum lugar. Tivemos a infelicidade da companhia de outro grupo na Concha e Toro, com um sujeito tão sabichão que já estava acreditando que ele queria o emprego da guia... um “domínio” do assunto “vinhos”... um porre sem beber (isto porque estou “economizando” a parte dos selvagens que o acompanhavam). E quem encontramos no passeio de ontem? E hoje no mesmo vôo?

No mais, nem me fale em trabalho! Ainda mais hoje... já será um choque desembarcar na realidade. Será que vou me readaptar à vida normal? Ótimo saber que todos estão sobrevivendo à minha ausência.

Registramos tudo o que poderia ser útil para uma futura viagem, então espero que seja só mais um incentivo para você “ganhar” o mundo. Além disto, no ano que vem tem mais... ou antes... Quem sabe?
beijos a todos,
Vírgina e Álvaro

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Esse relato é de Virgínia Gomes, ela e seu marido Álvaro Lassance estão na Região de Los Lagos no Chile, curtindo merecidas férias.

E como a Virgínia sempre escreve seu Diário de Bordo para compartilhar com os amigos, aqui estou eu compartilhando com meus amigos no Blog Para Rascunhar. 

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