Diário de Bordo V - em Bariloche

Olá pessoal!

Depois de nossa chegada triunfal à rodoviária de Bariloche, onde descobrimos que não há casa de câmbio (a crise econômica por aqui já é tão perceptível que o quiosque troca reais ou dólares por pesos argentinos sem que nem mesmo seja necessário comprar algo), resolvemos ir para a cidade de ônibus. Cada um com duas mochilas "básicas", seguimos para o hotel, descarregamos tudo e começamos nossa caminhada pela cidade.


Descobrimos que para as atividades diferentes daquelas da primeira visita precisaríamos de mais tempo para preparar tudo, então o dia seguinte foi para isto: circular pela cidade, ir ao Clube Andino verificar os trekkings possíveis, contratar passeio de barco... A cidade está cheia de estrangeiros e os brasileiros são uma verdadeira praga.

Além disto, treinamos cálculos mentais: você pergunta o preço e se aceitam cartão de crédito, aí vem a resposta: custa $XXXX,00. Quando você calcula e diz que quer contratar, vem o complemento: você paga $XXXX,00 + $XX,00 da entrada do parque+ $X,00 de não sei o que = $XXXXXXX,00. Aí você calcula tudo de novo, transforma em reais, diz que vai contratar e entrega o cartão de crédito... é nesta hora que surge a cara desolada que informa que aquele preço era para pagamento em dinheiro, com cartão são mais X% (já estou quase ficando feliz quando dizem que são mais 10% e não 7 ou 8%). Deve ser bom ser milionário:))


Depois dos planejamentos, ontem resolvemos ir ao Parque Llao Llao que é lindo e de graça! Seguimos para o ponto para pegar o ônibus 11 que circula só no verão, fazendo o circuito turístico. Mineiramente, não eram 10H e já estávamos lá esperando. Passa um ônibus 20, passa outro ônibus 20 e nada do 11. Perguntei para o trabalhador de um laticínio que nos recomendou o ônibus 20 e disse que nunca tinha visto o tal do 11. Espertos, pensamos: o sujeito é trabalhador, o ônibus é para turistas, a moça do serviço de informação disse que o 11 nos deixaria dentro do parque... então, vamos para o próximo ponto, que fica num entroncamento de duas ruas, onde certamente passará... Certo? Cabeça de bacalhau... até perguntamos pelo 11 e nos confirmaram que ele existia! Quase as 11H um casalzinho muito simpático saca uma folha rosa com todos os horários de ônibus e nos informa que o tal do 11 passaria lá pelas 13H! Pior: que conseguiram o tal papel com os horários no mesmo posto de informações turísticas onde nos atenderam. Xinguei até a 15ª geração da fdp da atendente e entramos no 20 conforme o sábio trabalhador nos recomendou, seguindo para o Llao Llao. O tal do 20 nos deixou pouco mais de 1Km do parque e mergulhamos na mata - as árvores são tão verdes e gigantescas e os lagos são tão azuis e enormes, que as flores têm que se esforçar muito. Tiramos dezenas de fotos delas. Tão lindas !

Nossa parada para o lanche merece um parágrafo. Foi na Villa Tacul (que de vila não tem nada, são só umas churrasqueiras de pedra), às margens do Lago Nahuel Huapi, onde o Álvaro, vendo os alegres argentinhos (nenhum adulto) nadando, resolveu se aventurar... Demorou uns 20 minutos para que molhasse o umbigo, mas ele conseguiu! E agora posso confirmar: ele é macho pra caramba! Quando ele saiu da água, depois de NADAR, ainda teve que escultar gozação de dois argentinos gaiatos que estavam feito lagartixa estirados na areia, levantando só a cabeça e perguntando: "e aí ? a água estava quente?!" (vou querer um bônus quando voltar por não deixar o Álvaro morrer: levei toalha e impedi que tivesse hipotermia molhado sob o vento patagônico!).

Intervenção do Álvaro: Já diziam as Velhas Virgens: "Duro é quando a água gelada bate no saco."



Andamos uns 14Km de trilhas fáceis ou médias e voltamos - Álvaro, eu e o cisto do meu joelho que resolveu tomar vida própria - sãos e salvos mesmo pegando o tal do ônibus 11 (sim, está provado: ele existe) com um motorista "casca grossa" (e eu que achava ruins os motoristas de Belo Horizonte... deve ser por isto que o pessoal aqui prefere trekking:)))

Hoje amanheceu chovendo, conforme previsto, por isto ficamos na área comercial perto do hotel até o tempo melhorar. Nós e mais um bando de turistas. Comprei um saco de gelo para o cisto que resolveu me parasitar (não quero nem saber, amanhã eu vou conhecer o cerro Tronador e o diabo do cisto que vá para o Osorno) e o Álvaro... uma raquete de tênis! Lembram: cada um com duas mochilas... Deixamos a dita no hotel e subimos de teleférico até o Cerro Campanário. Vista magnífica! Tudo por aqui é superlativo. Se a pessoa tiver pouco tempo por aqui, recomendo pelo menos que vá ao Campanário. Inesquecivelmente lindo !

Jantamos no "El Boliche de Alberto" (Álvaro insiste que eu cite, pois a carne é excelente e para evitar outra daquelas intervenções...), pois agora eu já não estou mais preocupada por morrer gorda. Acho que vai ser overdose de cerejas...:))

Então, por ora, é isto. Mañana, Cerro Tronador - 3470 metros de altitude e sua geleira negra... Aguardem !


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Esse relato é de Virgínia Gomes, ela e seu marido Álvaro Lassance estão na Região de Los Lagos no Chile, curtindo merecidas férias.


E como a Virgínia sempre escreve seu Diário de Bordo para compartilhar com os amigos, aqui estou eu compartilhando com meus amigos no Blog Para Rascunhar. 


Veja onde fica a Região de Los Lagos no Chile. 

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