Diário de Bordo VI - Tronador



Olá pessoal!

Fomos e voltamos do Tronador! Contratamos um guia do Clube Andino e seguimos para a montanha - Álvaro, eu e o cisto. Antes providenciei uma automedicação com sessão de gelo e anti-inflamatório de uso tópico para garantir pelo menos a subida e deu certo. A caminhada foi ótima e não muito difícil a não ser para as argentinas fumantes que foram conosco - se eu fosse do Ministério da Saúde contrataria as cinco! Muito mais eficazes do que aquelas fotos dos maços de cigarro... 


Primeiro fomos ao Ventisqueiro Negro, um glaciar (parece que chamam de glaciar qualquer quantidade de neve que não se derrete nunca) que está coberto de sedimentos de rocha e por isto, é escuro por cima. De lá já dá para ver como o clima está mudando rapidamente. Gonçalo, professor da escola secundária e guia de trekking no verão, nos contou que este glaciar era bem maior, assim como os pequenos icebergs que flutuam rumo ao riacho. Depois seguimos caminhando por três horas até o Glaciar Castaño Oviedo, de onde pudemos ver partes do gelo se desprendendo e fazendo um barulhão que dá nome ao lugar: "Tronador", que significa algo como trovão, trovoador (existe esta palavra ou eu acabei de inventar? Lembre-se do Ministro Magri antes de responder...:))

O lugar é bem imponente, mas confesso que fiquei um pouco decepcionada, pois imaginei que chegaríamos por cima do glaciar e na verdade o vimos por baixo da montanha. A decepção passou logo quando soube das três horas mais de caminhada até um refúgio situado no lugar que imaginei e da necessidade de pernoitar lá, afinal, ainda posso comprar um cartão postal, não é?! De lá, descemos todos, inclusive o cisto que a esta altura já me arrastava morro abaixo, mas valeu a pena!

Ontem a previsão do tempo era de sol pela manhã e chuva a tarde. Diante disto e do nosso pensamento positivo, fomos ao passeio de barco ao Bosque de Arrayanes e à Ilha Vitória. Gaivotas em busca de comida nos seguiram durante o passeio por parte do Lago Nahuel Huapi (mais de 500 Km2 de área!). Quando a turistada viu que elas chegavam muito perto, começaram a oferecer pedaços de pão, cream craker e no final até biscoito de chocolate! As bichinhas estão tão acostumadas a seguir o barco, que não recusaram nada.

O passeio pelo bosque foi bem interessante. Dizem que um desenhista argentino que trabalhava para o Walt Disney frequentava este lugar e se inspirou nele para criar o ambiente do desenho "Bambi", pois lá é o único lugar no mundo em que o arrayanes deixam de ser arbustos para tomarem porte de árvores.

De lá seguimos para a Isla Vitória com chuva, chuva, chuva... perdemos até a visita guiada, pois no horário marcado caia o maior "pé d´água". Assim que a chuva diminuiu, caminhamos pelas duas trilhas curtas das três que há por lá. Saímos da ilha com chuva, frio e pena do pessoal que escolheu fazer o passeio só durante a tarde e que não viu nem um raio de sol...

Hoje a previsão era de chuva e vento, mas como amanheceu com sol, resolvemos ir ao Cerro Catedral para outro trekking. Fiasco total! Pegamos o ônibus e chegamos lá ainda de manhã. Antes de comprarmos os passes para o teleférico, contamos para uma funcionária que já conhecíamos o Cerro e contamos nossas pretensões perguntando sobre as condições do tempo para nosso programa. Discretamente ela nos puxou para dentro do escritório e contou que tinha chovido e nevado à noite nos picos, que a trilha estava péssima e que nem mesmo as atividades de verão ocorreriam. Demos meia volta, esperamos uma hora pelo ônibus, constatamos que outro lugar que também pretendíamos visitar estava fechado por causa dos ventos e viemos para o hotel, onde o Álvaro inclusive já trabalhou.

PS.: Eu não sou muito carnívora, talvez por isto seja obrigada a concordar com o Álvaro quanto ao "El Boliche de Alberto". Lá é um dos poucos lugares onde pedi a carne bem passada em que não serviram nem sola de sapato nem boi berrando. Quanto aos temperos, acho que o mais legal quando viajamos é observar os hábitos locais e experimentar - acho que a gente só consegue mesmo avaliar o que é bom, ruim ou excepcional quando saímos do lugar comum). Por aqui os temperos vem para a mesa e a gente é que resolve como vai querer. Não colocam muito sal na comida, destacam nas embalagens dos alimentos que contém baixo teor de sódio, mas quanto ao açúcar não podemos dizer o mesmo... o povo gosta mesmo... e o Álvaro está se esbaldando com o doce de leite no café da manhã - diz que vai se preocupar com os quilos extras quando voltar... ainda bem que a empresa aérea só pesa as bagagens:)))


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Virgínia

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Esse relato é de Virgínia Gomes, ela e seu marido Álvaro Lassance estão na Região de Los Lagos no Chile, curtindo merecidas férias.

E como a Virgínia sempre escreve seu Diário de Bordo para compartilhar com os amigos, aqui estou eu compartilhando com meus amigos no Blog Para Rascunhar. 



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