Diário de Bordo VIII - De volta ao Chile

olá!
“Crônica” do transporte rodoviário:Mais um ônibus, mais um diário. Desta vez seguimos de Bariloche para Puerto Montt, no Chile. Até onde sabemos, por lá não há nenhum manifesto ou greve. Também já passamos pela aduana chilena, preenchemos os formulários, passamos a bagagem pelo raio X e pelos cachorros e, claro, fomos devidamente farejados. Fizeram uma mulher jogar fora a maçã que comia e chamaram uns franceses para explicar algo que traziam na bagagem. Ficaram bravos, mas tiveram que abrir e eu achei ótimo. Tem cartazes por todo lado, em várias línguas (menos em português), dizendo para declarar a entrada de produtos de origem animal e vegetal. Têm até desenho para não ter desculpa que não entendeu e o povo ainda resolve testar... Devem ter pensado que dentro do bagageiro os cachorros não iam perceber, mas os chilenos colocam absolutamente tudo para fora e passam calmamente pelo Raio X e pelos cães.


Inviabilizados dois de nossos trekkings a refúgios nas montanhas em razão da inconstância do tempo, resolvemos alugar um carro e ir para San Martin de Los Andes. O trajeto de 200Km entre Bariloche e San Martin faz parte do que chamam “Circuito Grande”, com a estrada margeando vários dos lagos que existem por aqui. Colocamos as mochilas no carro e saímos de Bariloche com um chuvisco e céu claro. Depois o tempo ficou estável: chuva, chuva, chuva, chuva...! Parte do trajeto é por estrada de rípio, com pedras soltas que nos obrigam a andar a uns 30Km por hora para não estilhaçar os vidros e nem destruir o carro, o que de certa forma é uma sorte, pois o caminho é tão bonito que se fosse de asfalto acho que ocorreriam acidentes a todo momento.

Andamos por San Martin ainda debaixo de chuva. A cidade é pequena e tem várias praças bem cuidadas. Muitas casas são mantidas para o lazer de famílias argentinas com algum dinheiro – alguns vão lá no verão para pescar e outros no inverno para esquiar. Cidadezinha agradável! Ontem de manhã o tempo começou a melhorar e tivemos esperança de fazer o trajeto de volta com muito sol, mas tivemos “quatro estações”: chuva, sol, nebulosidade e este vento patagônico gelado. Vendo o “copo meio cheio”, não foi mal – até conseguimos parar em Villa Traful, um pequeno aglomerado de casas na beira do lago com uma vista linda. Os lagos estavam prateados e colorimos a paisagem com nossos próprios olhos. É grandiosa! Além disto, se todos os dias fossem de sol as árvores não seriam tão verdes, não é ?

Hoje acordamos às 6h30min para tomar o café e ir para a rodoviária. O diabo tinha mudado de corpo e estava se dividindo entre dois adolescentes brasileiros resmungões, como aliás quase todo o grupo da mesma nacionalidade. Eram sete horas, os outros (e nós) ainda meio sonolentos e as gralhas lá se atropelando em frente à mesa, perguntando se o pão era medialuna (formato óbvio), se as frutas eram de verdade, que aqui o pessoal não sabe fazer café... só não fui lá mandar os dois fazerem o favor de fechar a torneirinha de asneiras porque tínhamos poucos minutos para tomar o café e sair. Mas que deu vontade, deu! Não sei porque algumas pessoas saem do país quando na verdade queriam tudo igualzinho...

Ah, e teve outra: bem na cara dos argentinos que nos serviam, uma adulta começou a fazer graça dizendo bem alto que não sairia daqui sem dizer ao Maradona que o Pelé era melhor... que porre! Eu não falei que mais de dois já dá problema? Vai ver que todos os lugares produzem gente assim e a ignorância dos outros idiomas seja uma benção... embora até hoje eu só tenha visto italianos falando tão alto e fazendo tanta balbúrdia.


beijos a todos,

Virgínia e Álvaro


------------
Esse relato é de Virgínia Gomes, ela e seu marido Álvaro Lassance estão na Região de Los Lagos no Chile, curtindo merecidas férias.

E como a Virgínia sempre escreve seu Diário de Bordo para compartilhar com os amigos, aqui estou eu compartilhando com meus amigos no Blog Para Rascunhar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário